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Autor: Anne Marie Lucille[1]
Conteúdo Revisado e Ampliado: 16 de Janeiro de 2023
E como é de supor que nada exista sem motivo, cumpre entender que toda ação, sendo ou não de origem humana, tem como resultado um novo efeito e consequentemente uma ou mais novas causas.
Se tudo possui pelo menos dois lados, isso significa que toda alegria só existe porque existe o seu oposto. Assim, tristeza e alegria, como as conhecemos, são nuances de um mesmo estado. Colocadas em uma escala polarizada, apenas o grau de intensidade é o que determina uma ou outra coisa.
Assim, menos alegre ou mais alegre são aspectos graduais de uma mesma coisa. E isso equivale a mais ou menos triste. São polarizações de uma mesma condição. Mais alegre quer dizer, menos triste; menos alegre, mais triste.
É como o quente e o frio, que indicam o nível de variação de uma mesma coisa, que é a temperatura. Ou ainda escuridão e claridade, que retratam aspectos polarizados de uma mesma coisa, ou seja, a intensidade da luz.
Já no caso do Ruim e do Bom, estes não são variações de uma mesma condição, e sim coisas distintas. E cada um possui também dois ou mais aspectos, embora o ruim não possa se transformar em bom, assim como o seu inverso. O Bom poderá ser pouco ou muito, mas jamais Ruim. A mesma regra se aplica à situação contrária. Um não anula o outro; são, portanto, estados independentes.
Cada coisa em nosso mundo está regida pela inflexível lei da dualidade. Menos e Mais, são estes os dois status básicos. Verde e maduro, escuro e claro, noite e dia, quente e frio, velho e novo, inútil e útil, e assim por diante.
Uma resposta não constitui uma verdade, mas apenas um aparente desdobramento para um dado problema. Não conhecer a História Universal, em nosso dia a dia, não constitui um problema, nem uma necessidade. Entretanto, para um aluno em idade escolar, é tanto uma necessidade quanto um problema.
Assim, um evento histórico, para as necessidades específicas e pontuais daquele grupo dentro da sala de aula, pode ser tratado como uma “verdade” capaz de resolver suas questões acadêmicas, mesmo que o fato contextualizado não represente de uma verdade factual. Ou seja, a necessidade dos alunos pela informação é uma verdade, mesmo que a informação capaz de suprir suas necessidades seja falsa.
Uma ação é sempre acompanhada por uma reação. Trata-se de uma lei Física, e aparentemente não há como ser diferente. Isso implica em afirmar que agimos porque fomos programados, instruídos ou incitados a reagir a partir de uma causa, e para quaisquer que sejam nossas ações, sempre haverá um resultado. E como tudo tem dois lados, um será visível e mensurável, enquanto que o outro, ou outros, não.
A indiferença é uma ação, assim como também a omissão, e não são atitudes neutras, uma vez que nesse campo a neutralidade não existe. Uma omissão representa uma ação, uma vez que se guia por gabaritos e parâmetros que foram usados pelo crivo do nosso modelo decisório.
Na natureza das coisas dualísticas, não existe beneficio por uma ação conscientemente praticada, mas apenas a ação praticada em busca de benefícios. Isto quer dizer que, nossos critérios de julgamento não interferem no cumprimento das leis universais regentes de todas as coisas, mas interferem e ditam os critérios e leis que criamos para nos reger, para suprir ou compensar nossas demandas; para punir ou recompensar nossos atos.
A palavra serve para descrever uma coisa ou situação, mas, no caso de sentimentos ou sensações, se torna incapaz de proporcionar ao leitor a experienciação que tenta ilustrar, por mais simples que esta pareça. No máximo, ao ouvir, ele poderá sentir por meio de sua imaginação, o que não representa o fato em si. Isso ocorre porque a palavra não é a coisa, embora seja capaz de, virtualmente, superficialmente, descrevê-la.
Desse modo, a compreensão é apenas relativa e de acordo com o condicionamento de cada um, não representando ainda uma verdade para o ouvinte. Isso equivale a afirmar que, em caso de não experimentação ou vivência semelhante, as palavras retratam uma situação, a imaginação de cada um cria a respectiva conclusão.
Logo, não há como traçarmos juízos de valores consistentes para uma situação não vivenciada, uma vez que isso só poderia ocorrer na ausência da relatividade. A relatividade retrata um aspecto apenas parcial, subjetivo, ou parte da verdade, e parte da verdade é uma meia-verdade. E sabemos bem que meia verdade não pode servir de gabarito ou métrica para ajuizar coisa alguma com precisão.
Julgamos pelas aparências e, como as palavras, cujo significado sensorial não é capaz de se expressar por meio delas, também as aparências tendem a nos enganar. Se uma situação significa algo para uns e coisa distinta para outros, logo, não é possível traçar um juízo perfeito, ou um parecer imparcial sobre uma questão. No máximo, só podemos aferir o objeto ou a coisa concreta. Ou seja, com uma pedra em mãos, sua existência poderá ser constatada independente de nossos julgamentos, sistemas de crenças ou percepção relativa.
Instrução é qualquer coisa que nos sirva de roteiro para uma ação. Assim, para qualquer ação, sempre haverá uma orientação prévia ou aprendizado. Isso nos faculta a afirmar que, erros e acertos, ambos, são resultantes de instruções. Isso também implica em afirmar que um erro se aprende do mesmo modo que um acerto. E no caso dos erros que ocorrem enquanto se tenta acertar, podemos considerar como acertos em andamento.
Errando acertamos, e acertando, apesar de nos capacitarmos para não repetir os mesmos erros, não podemos erradicar o atributo “erro” de nossas vidas. Isso ocorre porque eles são condições imprescindíveis na construção dos acertos. Assim, erro e acerto são aspectos polarizados de uma mesma coisa; etapas crescentes e permanentes de uma edificação. Representam caminhos necessários e convergentes a um objetivo final que é nosso progresso evolutivo pessoal.
Conhecer nossos limites, nossas causas a partir de efeitos autovivenciados, nos proporcionará mais lucidez, e com isso teremos uma visão mais ampla das consequências dos nossos atos. E toda ação é como uma parede em processo contínuo de formação; isto é, um tijolo sempre se assentará sobre o outro, numa cadeia perpétua, onde o ontem se fixará como lastro para o que existe agora.
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Anne Marie Lucille - annemarielucille@yahoo.com.br
Antropóloga e Pesquisadora na área da Psicopedagogia. Atua como consultora educacional especializada em Educação Integral e Consciencial.
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