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Autor: Anne M. Lucille e Ester Cartago[1]
Conteúdo Revisado e Ampliado: 16 de Janeiro de 2023
Há também a adequação às normas, aos costumes não aceitos e aceitos, e todas essas coisas fazem parte do nosso processo cognitivo; e a tudo isso chamamos de educação. Assim, um indivíduo que conhece e pratica as normas é considerado educado, Disciplinado, formalmente enquadrado, moralmente adequado e integrado. Sobre os motivos pelos quais as normas precisam ser respeitadas, as crianças ou os jovens, pelo menos em sala de aula, quase nunca são informados.
Como ainda não possuem personalidade, logo, esse conjunto de normas, depois de inserido em seus cérebros, atuarão como diretrizes, protocolos, gabaritos de conduta. E tudo isso irá se transformar em comportamentos. Estará assim criada sua identidade individual. Então o jovem pode afirmar: “Agora eu sou alguém.”
Segundo essa conjuntura, disciplina quer dizer: seguir à risca o que foi estabelecido como regra. Acrescenta-se a essa base teórica a experiência de vida, e aos poucos o indivíduo ganha em definitivo a personalidade que o representará como parte integrante no meio onde vive. Terá um nome, funções a exercer; um posicionamento mental, ideais e ideias. Acreditará que é único em suas conclusões, preferências, aspirações e convicções. Não terá dúvidas de que é original e inteiramente livre para decidir o que deve fazer da sua vida.
Terá consigo o ideal de que o mundo seria melhor, se psicologicamente fosse semelhante a ele próprio. Terá um conjunto de crenças, manias e desejos que julga tratar-se de coisas absolutamente necessárias e indispensáveis ao seu viver. Acreditará que um dia irá se realizar como pessoa, tudo isso, se conseguir conquistar cada item que a sociedade decretou como requisitos, prerrogativas, objetivos imprescindíveis para que sua felicidade e plenitude existencial viessem a se concretizar.
Não percebe o quanto está comprometido em conquistar, a qualquer custo, o ideal de felicidade que lhe prescreve o meio social, onde quer que viva. Há objetivos bem definidos que precisa cumprir. Deverá também se consagrar em sua profissão e em suas relações pessoais, ou como multiplicador de costumes eleitos como edificantes e necessários. Terá ainda a nobre missão de atuar como defensor intransigente dos tabus e crenças, os objetivos com os quais tenha empatia e que ora realçam seu comportamento e caráter, assim como suas emoções e todo seu modo de pensar, sentir, desejar e agir.
Condicionado por tudo isso, acredita agora em sua própria importância. E assim, fascinado com seu status pessoal, se julga merecedor de algo mais, embora não saiba claramente qual é essa coisa. Por isso espera que outros lhe digam do que se trata. Limitado pelas espessas paredes da individualidade, torna-se obtuso, incapaz de enxergar o semelhante que está ao seu lado como uma entidade igual em conflitos, em aflições e desejos. Ao contrário, aprendeu desde cedo que seu próximo é também seu concorrente, um sujeito contra quem, por algum motivo ainda indefinido, deverá lutar para conquistar e manter seu espaço.
Foi assim que aprendeu em casa tão logo pôs os pés fora do berço, e tudo isso foi reforçado na escola, em seu templo religioso exclusivo, e em todos os demais espaços onde foi capaz de por os pés, olhos e ouvidos. Precisa chegar primeiro, aprender mais rápido, obter mais reconhecimento público, e como obstáculos para todas suas conquistas, os demais indivíduos à sua volta, doravante serão considerados adversários ou inimigos.
Aprendeu assim, e isso também ensinará aos seus descendentes. E apesar de infeliz e com medo do fim iminente, não tem coragem de parar e refletir; de questionar por que não pode ser livre para pensar e decidir; para caminhar e errar; para simplesmente sentir sem interpretar. Livre de dogmas, sem a esmagadora influência dos guias, das autoridades censoras ou religiosas que acabam por conduzir, embrutecer e atrofiar quase todas suas emoções, fossilizando e entorpecendo sua sensibilidade.
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