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Autor: Jon Talber - Alberto Filho[1]
Conteúdo Revisado e Ampliado: 16 de Janeiro de 2023
Psicologicamente uma criança é feita das memórias que lhes são transmitidas pelos sentidos a partir das experiências de vida. Ela escuta, observa, toca, sente o cheiro, o paladar, e se tudo isso agrada, é gravado como coisa boa, necessária ao seu bem estar. A mesma regra se aplica aos aspectos desagradáveis. Bem estar é uma regra instintiva cultivada por todo animal, seja racional ou não. Trata-se de um recurso necessário à sua sobrevivência.
Se os agrados exagerados criam mais estragos que benefícios, a gratificação discreta, bem conduzida e carinhosa, além de lhes ensinar de maneira inteligente e sensata sobre os princípios da cordialidade, aumenta sua autoestima e edifica.
Pais carinhosos, com presença marcante no seu dia a dia, então, se tornam coisa necessária ao seu progresso sensorial e saúde mental. Assim, ela sentirá prazer ao conviver com seus pais no dia a dia. Nesses primeiros contatos, quando já está na idade das perguntas, o princípio da dúvida deve ser incentivado. O estímulo à dúvida a tornará mais curiosa, mais próxima dos pais, e a depender da receptividade, verá neles amigos e confidentes com os quais sempre poderá contar, e de cuja presença, jamais abrirá mão.
Se a televisão ou Internet estão presentes em todas suas horas de vigília, logo servirão como modelos inspiradores. E aquelas fantasias, por mais distorcidas e bizarras que sejam aos olhos de alguém mais esclarecido, para ela, trata-se de uma realidade com a qual poderá se identificar, e assim, digna de ser imitada. Por isso, não se engane, até as propagandas terão impacto sobre o comportamento infantil, interferindo de maneira dramática no status do seu temperamento original. Lembre-se, a criança ainda está coletando subsídios para montar sua personalidade e caráter, e o mais importante, não possui uma gota de discernimento ou bom senso.
E, algumas vezes, ao contrário dos pais, televisão e Internet estão sempre presentes e dispostas a preencher seus momentos ociosos, todas as horas, sempre que for necessário. Por isso, as conceituações e doutrinas ali dramatizadas, dentro de suas cabeças, terão mais força condicionante que as palavras dos pais, nem sempre tão presentes, especialmente na hora de desfazer suas dúvidas. Aqui vale o velho ditado: “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, ou a versão adaptada para estas ocasiões: “Falsos conceitos em terra sem dono – como é o caso da mente infantil – de tanto insistir se fixa como patrono...”
Educar com conflito é o mesmo que conduzir por rédeas; você até conduz, mas não pela vontade do conduzido. Pela dominação não há educação, apenas conformação ou resignação. Pela conformação não existe um cidadão, apenas um protótipo de gente, sem vontade própria. Por dentro não será em nada diferente de um autômato ou zumbi amestrado, movido pelas ideias dos oportunistas, sob domínio do poder hipnótico ou força sedutora de quem quer que seja.
Compreender um filho é entender que ele ainda não possui uma personalidade, a exemplo da nossa. Examinar nossa própria personalidade nos faculta a encontrar as falhas causadoras dos conflitos, uma vez que todas elas estão hospedadas no interior de nossa psique. E neles, em nossos filhos, por enquanto, esse repertório patológico ainda não existe.
Criança birrenta, malcriada, insegura, tudo isso reflete aquilo que ora somos. Elas não têm como aprender sozinhas, por esse motivo, não poderão prescindir de um mestre, ou de vários. E se não estamos presentes, outros certamente se encarregarão de ocupar este espaço. Lembre-se, criar uma mania ou vício é a coisa mais simples do mundo; desfazer-se disso depois, acredite, não é.
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