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Autor: Jon Talber[1]
Conteúdo Revisado e Ampliado: 16 de Janeiro de 2023
Imitar é uma coisa tão natural quanto o ato de respirar. É uma função do cérebro; um recurso imprescindível para a sobrevivência do ente que ora adentra naquele novo mundo. Sim, é isso mesmo, o mundo parece uma coisa Nova para a criança, uma vez que em sua mente, nenhuma experiência do viver existe.
Ela não sabe o que significa mãe, ou pai, ou irmão, ganância ou religião. Ou seja, não sabe o significado de nada que exista à sua volta. Não sabe o que é desafeto ou afeto; medo ou coragem; antipatia ou simpatia; raiva ou compreensão. Não sabe o que é sentimento, nem desejo. E como nada conhece da vida, sequer sabe o que é estar viva.
Mas, para quem já está no mundo e dele já é parte integrante e atuante, quer dizer nós os adultos, tudo isso já é coisa conhecida. Somos inquilinos mais antigos, e agora somos replicadores dos mesmos procedimentos que antes foram usados para nos informar como as coisas desse mundo supostamente funcionavam. Para essa “nova” criança ou geração, o necessário agora é apenas se adaptar às regras psicológicas que já tornam a sociedade um lugar finalizado e pronto para abrigar os novos inquilinos. E tão logo essa criança seja condicionada segundo esses parâmetros, terá adquirido uma personalidade, uma identidade pessoal capaz de interagir socialmente com as demais.
E é desse mundo tão bem conhecido por todos nós, ou cartilha, que esse novo inquilino ainda criança irá copiar todos os elementos necessários para compor os modelos de comportamentos mais adequados para si mesmo. Ali já estão estabelecidas suas futuras preferências, opiniões, crenças, Frustrações, ideais, sentimentos, medos, vícios, e consequentemente, sua forma de pensar. De sua parte não precisará ter trabalho algum. Sua mente ora vazia, logo será preenchida como se fora uma folha de papel em branco, que agora se reproduz numa copiadora, recebendo a imagem de um imenso gabarito com os procedimentos operacionais e protocolos transmitidos por uma matriz que podemos chamar de tradição.
O resto é adaptação, conformação, treinamento intensivo, para que se torne um hábil imitador; um mímico dos hábitos já adotados pelos outros. Não existirá, portanto, um gesto novo, mas apenas um novo “ente”, que ao seu temperamento inato, irá gradualmente agregar as antigas condutas, todas já aprovadas para uso pela mesologia onde nasceu; o local onde foi “educado” ou vive.
Não é um mundo de novas descobertas, mas de velhos hábitos e grandes ilusões, especialmente projetado para os novos inquilinos. Um bioma que antagoniza com os fatos. Ali a criança sorri e recebe presentes e mimos todo o tempo, como se isso fosse prática comum no mundo real. Por isso mesmo, inevitavelmente, à medida que cresce, já mergulha num ambiente repleto de conflitos, uma vez que ficará frustrada, angustiada, ao se deparar com a rudeza própria de um mundo de verdade, cuja existência até então desconhecia.
Como tudo lhe foi ocultado, passará grande parte de sua vida, da juventude em diante, tentando superar os dramas pessoais, e outro tanto tentando se adaptar a essa “nova” realidade, absolutamente diferente daquela extraordinária utopia ou paraíso onírico que lhe foi apresentado desde a primeira infância.
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