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Contos Extraordinários - Índice Geral

Efeito Colateral

Autores: Alberto J. Grimm[1]
Revisado: Novembro 2017
Quando a ciência deixa de ter bom senso e esquece o significado da ética, estamos então diante do maior indício de que essa civilização está chegando ao fim...
Caso deseje conhecer a verdadeira natureza de alguém, basta lhe conceder poder absoluto...
Efeito Colateral

Cometer um erro é relativamente fácil, e permanecer nele, mais ainda...

Depois das muitas mudanças na genética de tudo que era dotado de vida sobre a terra, muitas coisas aconteceram. Novas espécies animais surgiram. No principio eram apenas animais feitos “sob encomenda” para entreter as crianças. Sim, a moderna ciência era capaz de criar, por exemplo, um animalzinho novo, como nos joguinhos de computador, onde as crianças misturavam os pedaços ou partes de diferentes espécimes para dar origem a algo bizarro, ou engraçado, como diziam.

Agora eles podiam fazer isso com animais de verdade. Era simples, e bastava chegar ao balcão de uma das lojas credenciadas e solicitar o animal desejado, por mais estranho e improvável que parecesse. A própria criança podia desenhar o modelo em um dos simuladores disponíveis para isso. Em dois dias estava pronto, já no tamanho desejado, de acordo com as preferências do cliente.

E por um bom tempo, o sonho de consumo entre as crianças era um modelo que contava histórias antes que fossem para a cama. Era a sensação e “Hit” preferido nas maciças campanhas publicitárias que praticamente obrigavam cada lar com criança a ter um exemplar. Seus olhos eram de gato, o que o tornava perfeito até para ler no escuro. Sua voz era humana, suave, como a voz de um grande orador, ou oradora, ajustada especialmente para os sensíveis ouvidos infantis. Seus dedos aveludados, assim poderiam acariciar os pequenos fazendo um temporário papel de mãe ou babá.

Use sua imaginação e lá estava o animal correspondente. E se espalharam sobre a terra, se multiplicando, dando origem a outras tantas espécies exóticas. Para aqueles que não gostavam de animais, mas apenas das suas carnes, era possível criar espécimes apenas para o corte, de acordo com o gosto de cada um. Podia ser com diferentes sabores, ou consistências, ou já temperados, e assim por diante.

Não havia um limite ético estabelecido onde a ciência pudesse afirmar: “Aqui nós paramos, e desse ponto em diante não é possível continuar...” E tudo era feito para servir ao novo homem. Este, aliás, modificado geneticamente, de modo a não padecer mais de nenhuma doença. O que no princípio fora um grande problema para os médicos, políticos, e todos aqueles que não mais podiam lucrar ou se promover motivados pelo caos na saúde ou sofrimento daquele povo. Sem falar no prejuízo que tiveram as grandes corporações farmacêuticas.

Estas, aliás, deram a volta por cima, e agora dominavam o império das mudanças genéticas. Agora lucravam mais do que no tempo das grandes doenças e pandemias, onde o caos predominava. Mas, alguns saudosistas dos tempos turbulentos se lamentavam: “Bom mesmo era antigamente, no tempo das grandes pragas, dos bajuladores à nossa volta, e das doenças crônicas, quando sabíamos que nossa medicação além de não curar criava dependentes ainda mais doentes. Dependentes que eram fiéis e sempre voltavam espontaneamente às farmácias e postos de saúde. Nossa, sinto muita saudade daqueles dias...”

E os animais criados geneticamente ganharam inteligência. Sensatez não, afinal eles tiveram como professores os humanos. E mudaram também os insetos, e mesmo os espécimes virais. Mas a história não poderia ter sido escrita de outra forma. Com o aumento da expectativa da vida humana para um patamar quase infinito, logo todos se perguntavam se o paraíso não seria algo semelhante a tudo aquilo que ora desfrutavam na terra.

Sendo assim, não era necessário que ninguém se mudasse, quer dizer, morresse, conforme diziam as escrituras sagradas, para então usufruir de tais benesses em um paraíso idealizado de acordo com as preferências de cada hóspede. Não mais havia a necessidade de mudança, afinal de contas tudo já estava ali. Tudo que se poderia esperar de um paraíso, e ao vivo, literalmente falando. E o mais importante, pronto para ser degustado imediatamente; sem obrigações, taxas ou rituais; sem filiações sectárias ou a intermediação de nenhum ministro religioso; sem esforço ou idolatrias; sem compromissos penitentes de nenhuma espécie.

E sem mais objetivos existenciais e dotados de uma sobrevida quase interminável pela frente, encontrar coisas para se manter ocupado se tornara um grande problema para todas as nações. E achar maneiras criativas para preencher um longo e tedioso dia acaba por se tornar o objetivo existencial daquela humanidade. Por isso, tudo era permitido.

E Ninguém mais adoecia, nem precisava tomar remédio, nem se curvar aos deuses para obter cura, saúde ou prosperidade, afinal de contas, tudo isso já se possuía, desde o berço, sem nenhuma contrapartida a se cumprir. Mas viver eternamente não parecia ser uma tarefa tão simples quanto se pensava. E o imenso tédio de se viver centenas de milhares de anos sempre repetindo as mesmas coisas, sem a promessa de um paraíso repleto de novidades a lhes esperar em um lugar incerto, assim como o fato de não ser capaz de se desvincular de uma rotina mecânica e inflexível, levou esse homem à insensatez, e da insensatez à total destruição.

Por isso sobraram apenas os escombros das grandes cidades, e as cinzas das grandes florestas, assim como o deserto de pedregulhos e lama onde antes existiam os mares e as águas límpidas.

Explorando aquele ambiente sabidamente hostil que restara, onde o perigo poderia estar à espreita dos descuidados, o explorador se deteve no alto da colina e observou pacientemente o cenário desolado, misterioso, silencioso, que não exibia o real perigo oculto em suas sombras. Sombras que, como espectros fantasmagóricos de uma alucinação, se erguiam impassíveis diante de seus olhos atentos.

Ali já fora uma grande e próspera cidade. Milhares de pessoas circulando em suas largas e suntuosas ruas, tomadas pelo burburinho das lojas, despreocupadas e imersas em seus mundos particulares, indiferentes, a consumir qualquer coisa, como autômatos programados, até que o dia do “Juízo Final” chegara sem prévio aviso.

E apenas os escombros chamuscados em contraste com aquele céu sempre cinzento e sem expressão era o que agora se via. Quem, tomando como referência os dias de glória, imaginaria aquele desfecho como ponto de chegada para tão avançada civilização?

E o explorador conhecia bem toda história. Afinal, seus ancestrais viveram entre aqueles habitantes. Foram concebidos a partir da ciência deles. Lembrou das antigas escrituras, onde o homem dito civilizado, que exaltava sua compaixão para com a vida, desprezava os animais ao tê-los como fonte preferida para sua alimentação. Aliás, essa sempre fora uma questão que pessoalmente o incomodara por algum tempo. Se aquele homem se dizia civilizado, por que desprezava a vida dos demais seres vivos? Lembrou que isso fora o assunto da sua tese de doutorado.

Do ponto de observação onde estava, era possível ver se esgueirando entre as sombras uma das criaturas híbridas. Era meio homem e meio verme; um espécime que evoluíra naturalmente. Um desdobramento do próprio homem bárbaro que restara após a destruição. Como a genética de ambos, verme e homem eram semelhantes, o processo de fusão fora um evento espontâneo; um processo seletivo natural que o permitira adaptar-se ao novo e inóspito ambiente, criado por ele mesmo. Assim surgira o “Homus-vermes-rasterus”, uma temível espécie predadora de todos os demais animais.

Tratava-se de um inimigo natural de todos, até de si mesmo, por isso todo cuidado com ele era pouco. Mas, a exemplo do seu antecessor, era pouco inteligente. Preocupava-se apenas em caçar, e depois comemorar suas conquistas, sem se preocupar com o dia seguinte. Particularmente, pensava o observador, aquela espécie era uma ameaça ao equilíbrio de qualquer mundo que prezasse pela harmonia. Por isso deveriam ser mapeados para que depois fossem isolados dos demais. E essa, naquele momento, como observador, era a sua missão.

Felizmente, graças às mesmas mudanças genéticas responsáveis por tudo que acontecera, agora a espécie predominante naquele mundo era outra. Um novo “ser”. Este, aliás, mais respeitador do seu próximo; mais coerente em seus princípios morais. Lembrou que antes do “grande dia”, ele fora um subjugado do poderio e crueldade dos antigos habitantes, os ditos humanos civilizados, servindo apenas como material biológico, cobaia viva para suas pesquisas. Ele, um simples Rato Branco, espécie criada em laboratório, agora com maior capacidade intelectual e mente superior a dos antigos dominadores.

Com maior estatura, medindo em média quarenta centímetros e caminhando naturalmente sobre duas pernas, com braços longos e mãos dotadas de polegares opositores plenamente desenvolvidos, sem cauda e com um rosto de aspecto humano juvenil, deixara de rastejar desde tempos imemoriais, um caminho inverso ao que seguiu seu antigo, bárbaro e cruel dominador.

Sem perder mais tempo, transmitiu à sua base o local que deveria ser considerado de alto risco para os seus, uma vez que a presença do temível “Homus-vermes-rasterus” fora ali detectada.

Moral da História: Avanço tecnológico, para o homem, só significará progresso de fato quando vier acompanhado de uma mentalidade pautada na verdadeira ética e bom senso.


Notas:

Os Contos Reflexivos são reproduzidos com exclusividade com a permissão do Site de Dicas: https://www.sitededicas.com.br/index.htm

Sobre o Autor:

[1] Alberto J. Grimm - albertogrimm@gmail.com
Antropólogo, Publicitário e Escritor. Especialista em Psicologia do Trabalho e Relações Humanas. É também pesquisador em Educação Integral e Consciencial. Torna-se agora mais um colaborador fixo do nosso site.
O autor não possui Website, Blog ou página pessoal em nenhuma Rede Social.

Mais contos do autor em: https://www.sitededicas.com.br/contos_reflexivos_index.htm

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