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Autor: Anne M. Lucille e Ester Cartago[1]
Conteúdo Revisado e Ampliado: 16 de Janeiro de 2023
Filosoficamente é fácil dissertar sobre a miséria, desencontros e anomalias da humanidade, mas, em casa, ainda somos contraditórios, e na maioria das vezes, insensatos. Criamos filhos dentro de um ambiente competitivo, onde marido e mulher disputam, cada um ao seu modo, seu próprio e indivisível espaço. E naquele ambiente onde deveria existir ressonância e equilíbrio, irmãos disputam entre si a preferência dos pais, assim como uma distinção pessoal capaz de colocá-los um degrau acima dos outros.
E quando saímos a criticar o crescente nível de indiferença que existe entre as pessoas, da falta de respeito em relação ao espaço de cada um, ignoramos nosso ativo papel na instauração e continuidade desse estado de coisas.
Em nosso trabalho há uma exigência não explícita de que precisamos ser os melhores. O mesmo ocorre ostensivamente em nossas relações, e de maneira bizarra, até nas desgraças pessoais. Ensinamos aos nossos filhos que deverão lutar pelos seus objetivos, mas, raramente, orientamos sobre ética, respeito, sensatez e honestidade.
Instigamos a competição e ignoramos a tolerância como forma de convívio. Ao obrigar que nossos filhos sigam profissões que nos agradam, raramente levamos em conta suas Vocações e verdadeiras predisposições. Os jovens precisam de orientação, não ações mandatórias forçadas. Impor é tirar a liberdade, e sem liberdade para ir e vir, o respeito entre indivíduos torna-se impossível.
Ao assumir a postura da individualidade não compartilhada, cada sujeito está a criar em torno de si mesmo uma blindagem, que inevitavelmente irá separá-lo dos demais. Poderão conviver entre si, mas sem abrir mão dos seus interesses pessoais, independente dos efeitos em relação aos outros. Nasce assim o homem egocêntrico, que enxerga todos os demais como coadjuvantes ou meios secundários, embora necessários, para que seja capaz de atingir seus objetivos.
Ao se constituir o núcleo familiar, pais e filhos, como grupo social, tendem a se isolar das outras famílias. Compreender porque fazemos questão de nos isolar uns dos outros constituindo guetos familiares, tanto em ideologias quanto em preferências, opiniões ou hábitos da tradição, nos facultaria à descoberta da maioria das causas dos conflitos humanos.
Tal postura é um decreto de que a “verdade” e o bom senso estão sempre do nosso lado, sob nossa exclusiva jurisdição. Estamos a instituir a falta de respeito e a intolerância como um caminho necessário para se chegar ao sucesso, que no fim das contas, por maior e mais próspero que aparentemente seja, será sempre temporário.
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[1]Anne Marie Lucille - annemarielucille@yahoo.com.br
Antropóloga e Pesquisadora na área da Psicopedagogia. Atua como consultora educacional especializada em Educação Integral e Consciencial.
Ester Cartago - estercartago@gmail.com
É Psico-orientadora especializada em educação Integral e Consciencial, Antropóloga, pesquisadora de Fobias Sociais e também escritora. Torna-se agora mais uma colaboradora fixa do nosso site.
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